Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2014

Antiautoajuda para 2015

"Não tenho certeza se esse ano vai acabar. Tenho uma convicção crescente de que os anos não acabam mais. Não há mais aquela zona de transição e a troca de calendário, assim como de agendas, é só mais uma convenção que, se é que um dia teve sentido, reencena-se agora apenas como gesto esvaziado. Menos a celebração de uma vida que se repactua, individual e coletivamente, mais como farsa. E talvez, pelo menos no Brasil, poderíamos já afirmar que 2013 começou em junho e não em janeiro, junto com as manifestações, e continua até hoje. Mas esse é um tema para outra coluna, ainda por ser escrita. O que me interessa aqui é que nossos rituais de fim e começo giram cada vez mais em falso, e não apenas porque há muito foram apropriados pelo mercado. Há algo maior, menos fácil de perceber, mas nem por isso menos dolorosamente presente. Algo que pressentimos, mas temos dificuldade de nomear. Algo que nos assusta, ou pelo menos assusta a muitos. E, por nos assustar, em vez de nos despertar, ane

Ano Novo e mais do mesmo

Ano terminando e não tem muito jeito: todas as rodas de conversa incluem o assunto "o que vc não realizou?" "Que meta vc não conseguiu cumprir?". Somos guiados pelo calendário e queremos estar quites com o universo a cada dia 31 de dezembro. Ainda bem que isso não é possível. O quê? Pagar todas a dívidas com a vida. Graças a Deus deixamos coisas pendentes, não realizamos tudo que pretendemos, senão não teria a menor graça. Peraí. Não tô aqui fazendo o discurso da derrota nem aplaudindo o comodismo. Apenas dizendo que quando deixamos de desejar, paramos de viver. Mesmo que continuemos existindo. O desejo é o que nos move. Quando desejamos nosso corpo e mente se juntam no esforço de alcançar o objetivo. Sabe o atleta? Nessa vibe. Ele se supera para alcançar milésimos, e a cada um ele comemora como se tivesse nascido de novo. Isso precisamos aprender com os atletas. A nos orgulharmos das pequenas conquistas, essas que fazem o nosso cotidiano. Claro que as grandes