Postagens

Mostrando postagens de 2017

"MAS EU CRIEI TODO MUNDO IGUAL..."

Sinto em te dar uma notícia: não criou não. Essa nossa justificativa defensiva só aparece na hora que o couro come. Na hora que dá ruim. Tipo aquela outra frase típica de pai e mãe: "olha o que SEU filho fez"... como se a humanidade gerasse bebês só por um sexo. Ninguém que tenha mais de um filho consegue criar todo mundo do mesmo jeito ou amar todo mundo igual, pelo simples fato de cada um é um. Cada filho tem características próprias, personalidade, trejeitos, intelecto... cada um tem um tempo de assimilar, de processar, de elaborar. E, desde recém-nascidos, ensinamos comandos a quem nos cuida; os adultos costumam pensar que só eles ensinam. Ledo engano. Mesmo para quem é filho único tem a frase "não te criei pra isso", "não foi isso que eu te ensinei", que também vale para irmãos. Podemos dizer que a educação tem o nível macro, dos valores e princípios gerais de cada família, de cada núcleo, aqueles que são as bases. E tem o nível micro, onde cada u

AUTO EXÍLIO EMOCIONAL

Apesar do nome parecer rebuscado, esse é nada mais do que o momento que nos recolhemos em busca de nós mesmos e daquilo que somos ou mascaramos. A palavra exílio na nossa língua portuguesa é conhecida pela conotação negativa, pois tem a ver com sair do próprio país por conta própria ou obrigado por questões políticas. Mas não deixa de Ter um pouco a ver com isso o auto exílio emocional: por questões de não conseguimos tantas vezes lidar com situações e pessoas que fazem brotar nosso lado vil e encrenqueiro, a gente pode escolher se retirar. E esse se retirar pode ser um comentário que não se faz na rede social na hora em que a discussão esquenta, pode ser sair de perto de uma conversa tomada por fofocas e intrigas, e pode ser um período em que a gente se retira fisicamente de relacionamentos, sejam familiares ou de amizade ou amorosos pelo simples fato de que temos esse direito. O mundo atual das redes sociais não admite que a gente suma sob pena de sermos  rapidamente esquecidos;

DECISÕES DE FIM DE ANO

Vivemos presos ao calendário. Desde dietas até coisas inesquecíveis são datadas, no sentido de estarem em algum lugar da folhinha ou da agenda do celular. Fim de ano é um período em que se fecham ciclos e faz a gente pensar no que fazer no seguinte. Fim de ano nos deixa ao mesmo tempo felizes e frustrados, pois realizamos muitas coisas e deixamos tantas outras para trás. Nunca conseguimos tudo que pretendíamos para aquele ano. Ainda bem que é assim. Realizar tudo seria morrer. Como o fim do ano costuma ser de saudade dos que foram, raiva das burradas que cometemos, e a tal da frustração que faz parte, essa é uma época muito perigosa para se tomar grandes decisões, ou até as pequenas mesmo. O ano de 2017 no Brasil não foi fácil pra maioria: desemprego ou ameaça de, instabilidade nas finanças, brigas reais por conta do clima político-caótico instalado. Tudo isso aliado aos problemas pessoais, transtornos emocionais e dificuldades de resolver questões torna o fim de ano totalmente c

A BANALIZAÇÃO DO BULLYING

"Vítima de abusos e bullying em sua escola na Califórnia, a adolescente Rosalie Ávila, de 13 anos, tirou a própria vida: "sou feia e perdedora", escreveu ela em um bilhete encontrado pelos pais depois da tragédia. Rosalie tentou se matar na terça-feira passada e, na sexta, teve sua morte cerebral declarada. Foi mantida conectada até ontem para que seus órgãos fossem doados, informou a imprensa local". Notícias como essa estão cada vez mais indo para um lugar que deveria ser impensável: o lugar comum. O suicídio juvenil, algo que se via com muito alarme em notícias não tão frequentes, até porque a imprensa em geral tinha um acordo tácito de não divulgação desse tipo, virou uma epidemia alardeada aos milhares nas redes sociais. Parece que, desde pequenos, na escola, nossas crianças não estão conseguindo elaborar o chamado "narcisismo das pequenas diferenças": aquilo que vejo no outro como num espelho e rejeito impiedosamente, rechaçando esse outro que, n

MINHA PAZ

não me venha com coordenadas latitudes e meridianos há muito fui condenada com olhares e atitudes de seres levianos não me venha com grafos protótipos e conselhos o que vejo não é fraco quando me projeto no espelho não me venha com receitas modos de ser e de fazer minha alma já está feita com o que ela quis escrever não me venha com modelos e prazos inconsistentes não sou afeita a fazê-los sob pena de trair meu inconsciente ele não tem tempo, passado ou presente apenas imensidão de apelos que me fazem da alma um acidentado continente deixe minha estrada em paz e siga a sua em frente Crica Viegas

RELACIONAMENTO E REDES SOCIAIS

A era da internet chegou, é um fato. Não tem como voltar ao que o mundo era antes disso. Mas o ser humano ainda é feito de afeto e não de chip, e temos que ter cuidado porque podemos estar lidando com nossos relacionamentos como se o outro fosse só um perfil do Facebook ou do Instagram. A rede social encurtou distâncias, lógico, e já reencontramos muita gente que fez a nossa vida melhor em nossos tempos passados e aquela alegria boa volta a cada conversa. Esses reencontros são fantásticos e cheios de emoção. Mas cada um continua sua vida na sua outra cidade ou país. Ponto. Agora, parece que estamos usando a mesma lógica em relacionamentos próximos, e até nos muito próximos. Casais fazendo DR via Whatsapp, pais que só conseguem falar com filho via internet, eles na sala e o filho no quarto. Casais sentados no sofá conversando via celular. O que está acontecendo com a gente?  Vamos tratar assuntos pessoais e delicados sem o cara a cara porque estamos com preguiça ou sem coragem de

A CULPA É SEMPRE DA MÃE?

A psicanálise responsabiliza cada um por sua vida, suas escolhas e sintomas. Então não, não é tudo culpa daquela que te carregou no ventre por quase um ano: deixe sua pobre mãe fora dessa. Uma pergunta de Freud que virou frase de rede social resume bem isso: "Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?". É bem isso. Por isso às vezes é tão difícil fazer análise: porque a gente dá de cara com a nossa responsabilidade a cada sessão. O psicanalista não te dá dicas de vida nem receita. Ele basicamente te devolve em forma de pergunta algo que você mesmo disse, mais ou menos naquele estilo "tudo o que você disser sera usado contra você", no sentido de que a gente se desvela pela fala, faz um ato falho, um lapso de linguagem na frente do psicanalista. E tem os sonhos... putz! Parece que ressuscitam das tumbas do nosso inconsciente e ficam muitas vezes insuportáveis durante um processo de análise pessoal. Não adianta culpar os outros nem o complexo

O SUJEITO E A FALTA

A psicanálise se presta a apresentar a pessoa à sua própria falta e sua ausência de sentido. Todos temos essa falta que nos constitui, a qual Freud se referia como um objeto perdido a ser encontrado, sentido a ser desvendado. Lacan foi além e situou o sujeito como dividido pelo inconsciente e faltoso desde sempre, embora o desejo humano propicie encontrar durante a vida vários objetos que podem dar uma sensação temporária de completude, mas que logo volta ao estado original da falta. Porque a falta é, ela não está. Ela nasce com a gente. Cada pessoa vai perceber essa insatisfação original de uma maneira, e a psicanálise pode entrar nessa seara no intuito do sujeito se deslocar pela vida mesmo nessa falta. Ela não precisa necessariamente virar uma doença ou um transtorno, embora não seja fácil para nós lidar com ela. Não queremos nunca que haja falta, mas assim mesmo ela se apresenta em toda sua plenitude, na solidão de nós mesmos. O que nos resta é aprender que ela está ali, mas não

AMOR E DEPENDÊNCIA

Dependência tem se tornado uma palavra de cunho pejorativo na sociedade em que vivemos. Na era da autonomia e de pensamentos como "eu me basto", "eu me banco", "não devo nada a ninguém", parece que estamos nos perdendo em algumas coisas. Encaramos a dependência como algo doentio, e ela pode ser mesmo. Só que não é só isso. Lacan disse que "amar é dar o que não se têm a quem não o quer", frase difícil e que rende simpósios até hoje. Mas amar é isso: dar ao outro a minha falta e, com isso, esperar desse outro que essa falta retorne para mim em amor. Só que o outro também é um ser com um imenso buraco no ser, e se relacionar é tentar equilibrar essas expectativas. Amar também é depender em alguma medida. Amamos nossa família; dependemos de estar bem em família para sermos felizes. Amamos nossos filhos; se eles estão tristes a nossa alegria não é completa. Amamos nosso par e dependemos da relação ir bem para que estejamos bem também. Ou seja:

COMPLEXO DE ÉDIPO

O que é isso? A gente ouve falar por aí dessa coisa de "menino gosta mais da mãe" e "menina gosta mais do pai". É isso e não é rs. A gente nasce desejando ser alimentado e sentir o calor daquela pessoa que cuida de nós desde o início. É tudo praticamente instintivo, já que mal balbuciamos sons e somos totalmente dependentes de uma outra pessoa para sobreviver. Lá pela metade do primeiro ano de vida, começamos a perceber que somos um corpo separado daquele que nos amamenta, normalmente a gente é posto na frente do espelho e ouve: "olha neném, que lindo, olha..." e muitas outras frases que, junto com as atitudes de quem nos cuida, nos fazem perceber que somos alguém diferenciado. Isso vai amadurecendo até que lá pelo segundo, terceiro ano de vida, a gente começa novos processos de identificação com o pai, com a mãe, e isso é tão complexo e tão de cada um que vários fatores incidem nisso. O menino começa a perceber que a mãe não é só sua, tem que divi

CRISE DE PÂNICO: UM RELATO

Meu mar, que raramente é liso e calmo, começa a se agitar de uma forma que já sei como será. Sinto as ondas vindo, formando-se cada vez mais fundas e fortes. A vontade de me debater para me salvar toma conta dos meus pensamentos, que ao mesmo tempo são invadidos por um esperar a sequência de ondas acalmar. Me deixo ir. Muitas reviravoltas nauseantes em poucos minutos. A falta do que se agarrar nessa hora se intensifica ao quase insuportável. Entro em estado de choques ininterruptos com o movimento das ondas que parecem não ter fim. Parece que o peito vai explodir tentando encontrar o ar. Uma vaga mais gigantesca me atinge. Outras menores também. E vou sendo direcionada a um patamar onde já sinto o chão de areia nos pés, mas ainda estou sem forças para firmá-los. A sequência delas após aquela gigantesca finalmente me joga na praia. Consigo enfim sentir minha respiração. Desordenada. Engasgada ainda. Mas vai acalmando. Agora escuto mais de longe o bater das ondas. O suor d

O INCONSCIENTE E AS ESCOLHAS AMOROSAS

As nossas primeiras referências de vida são os pais ou quem quer que tenha estado nessa função: avós, tios, mães e pais de criação (algo muito brasileiro), madrinhas e padrinhos, enfim...pessoas que estiveram conosco nos primeiros momentos de vida ou durante a infância e que fizeram em nós as primeiras marcas de amor e de dor. Dessa relação, fica em nós uma espécie de imagem psicológica gravada dessas primeiras impressões. A psicanálise tomou de Jung o termo e conceito chamado "Imago" para falar sobre essa confluência de características psicológicas e mesmo traços físicos, trejeitos, toques, cheiros, maneirismos dessas figuras que nos marcam desde a tenra infância e acabam por se tornar algo que buscamos em todos os outros relacionamentos que teremos ao longo da vida. Mesmo que tenhamos sido criados por pai e mãe, às vezes um avô ou uma tia muito próxima acabou sendo, por uma questão de identificação nossa, mais referencial do que os pais mesmo. Um irmão ou irmã mais velh

O ÓDIO FAZ PARTE DE NÓS

O ódio faz parte da nossa constituição humana. A agressividade é tão pulsional, presente e verdadeira na nossa psique como o amor. Os dois parecem ter uma mesma intensidade e capacidade de nos absorver por completo. Sentir raiva faz parte dos nossos sentimentos, e ela pode ser produtiva de uma forma benéfica. Como assim? Em vários textos seus Freud falou do ódio como parte instinto humano; Lacan falou disso que sentimos desde pequenos quando chega um irmãozinho, o que ele chamou de complexo de intrusão, aquele ódio que sentimos por sermos deslocados do nosso trono de glória  pelos nossos país, que o dão ao bebê que chegou sem nos consultar. Por outro lado, a agressividade está ligada à atividade, ao impulso de realizar, não é só para dizimar o outro, embora isso seja parte dela. A nossa dificuldade em nos relacionarmos muitas vezes está relacionada a essa vontade de extinguir quem pensa diferente, por exemplo. Como as leis nos 'impedem' de matar o próximo, tomamos a tal d

O TEMPO DE CADA UM

Muito cedo ou muito tarde? Qual o tempo certo de processar o que nos acontece e seguir a vida? Julgamos muitas atitudes das pessoas pelo tempo que achamos correto para que elas façam tais coisas. Uma pessoa querida fica viúva ou se separa de alguém que ela amou profundamente. Aparece 6 meses depois com outra pessa e nossa cara não esconde o "já????", como se isso nos dissesse respeito ou como se soubéssemos o que se passa dentro dela. Outro passa pela mesma situação e depois de 5 anos ainda esta sozinha, e vamos bem intencionadamente perguntar se não está na hora da pessoa se refazer. O ponto aqui é algo de que Lacan diz fazer parte de um processo de análise mas que podemos fazer uma analogia para a vida: o tempo não é cronológico, ele é lógico. E, sendo assim, esse tempo de cada indivíduo passa por três fases: instante de ver, tempo de compreender e momento de concluir. Isso varia absurdamente de uma pessoa pra outra. A pessoa vive a situação, elabora e segue. Important

RESILIÊNCIA..ATÉ QUANDO?

Até quando? A partir de que momento a resiliência pode virar uma violência contra si mesmo? Muito presente em "textão" de rede social hoje, a resiliência é a capacidade que temos de seguir em frente após uma adversidade. É também uma capacidade de se adaptar a contextos emocionais inicialmente estranhos ou dolorosos. Vivemos uma época de festejar a resiliência e dar aos resilientes troféus de participação na vida. Veja bem, seguir em frente depois de uma tempestade é bom, curar-se depois de uma enorme decepção também. Conseguir sobreviver aos infortúnios é algo a se comemorar. Mas qual o limiar entre ser resiliente e se violentar? E se estamos pagando de resilientes mas apenas engrossando o casco e por dentro, bem no fundo, ressentidos com a vida e com os relacionamentos? Isso é algo para questionarmos a nós mesmos. Porque valores culturais também viram moda, e o discurso da resiliência parece estar seguindo por esse caminho. Não se trata aqui da apologia ao fracas

RELACIONAMENTO NOS TEMPOS ATUAIS: AINDA É POSSÍVEL?

Receber amor é a coisa mais desejada pelo ser humano. Desde muito pequenos nos identificamos às figuras de pai e mãe ou quem quer que faça essa função pelo amor que recebemos, ou mesmo pelo amor negado. Se recebemos, nos sentimos plenos e felizes; se nos é negado, podemos passar uma vida esperando alguma migalha de amor e fazemos jogo com isso ou mesmo podemos repetir o papel daquele que nega amor. De toda forma, o modelo familiar tem coordenadas culturais que dão muito do tom do que se chama de amor. O amor romântico não existiu até o século XVII, por exemplo. Casamento era negócio entre famílias. Hoje estamos passando por profundas transformações na configuração cultural dos relacionamentos amorosos. Nas gerações de nossos avós e pais, as mulheres eram submetidas a casamentos infelizes sem poder se separar porque a sociedade as consideraria meretrizes. Poucas furaram esse bloqueio e pagaram o preço por isso. As meninas eram ensinadas desde a tenra infância (arrisco dizer que em

VERDADES E MENTIRAS

Nascemos e somos criados ouvindo e vivendo uma história familiar particular. A partir dela, construímos muito do que somos e da nossa visão de mundo, seja pra reafirmar ou pra negar o que vivemos e os exemplos familiares que tivemos. A gente muitas vezes não se dá conta das mentiras que estruturam nosso "romance familiar", eufemismos e panos quentes colocados sobre palavras e feridas e passamos a agir como se nunca tivessem existido ou sido ditas. Temos o nosso próprio cemitério emocional, onde jazem restos mortos de nós mesmos, mas com um único inconveniente: esses restos mortos falam. Falam do que não queremos saber mas já sabemos de cor, gritam o que queremos silenciar e movimentam o que queremos anestesiar. Às vezes funciona e nosso cemitério mentiroso e silencioso está lá com a grama verde e lápides limpinhas sob um lindo sol. Mas tem hora que  vem a tempestade,  os túmulos internos se revolvem e somos tomados pela angústia e medo da escuridão. A questão é: o que n

DESISTIR?

A gente tem vergonha de desistir. Essa "palavra" (lá vem o significante de novo rs) denota covardia. Fraqueza. Cagaço. Mas por que diabos não podemos ser fracos ou covardes? Ou talvez tem horas que não se trate disso, mas de um extremo cansaço de levar o que não estamos mais conseguindo carregar. E aí a gente fica com bola de ferro acorrentada nos pés chamada  "opinião formada sobre tudo" ou "nasci assim não vou mudar". Por que não? Desistir não torna a gente um fiasco. Fiasco é fingir que se está no jogo violentando e sendo violentado pelo outro. Violentado na dignidade da alma.Eu não quero violar minha própria alma...você quer? Desistir não torna a gente incapaz. Fingir tanto tempo é que nos torna incapazes. De amar e se deixar ser amado. Fingir o que não se é, essa sim, é a maior das violências a que nos submetemos. ela se torna um auto flagelo, e o bater da corda nas nossas costas vai deixando rastro de pele e sangue. Desistir não nos faz piore

Ideal do Eu e Eu Ideal...o que é isso?

Aquela frase "nenhum homem é uma ilha" bem que poderia ter sido dita por Freud. Não foi. Foi o poeta inglês John Donne no século XVII. Mas nem por isso ela não deixa de ser uma verdade psicanalítica. Nascemos em sociedade. Vivemos em grupos. Construímos nossa identidade, portanto, a partir do outro. Já de saída lidamos com expectativas das pessoas mais próximas que nos fazem as funções parentais, esse conjunto de projetos e esperancas em nós que chamamos em psicanálise de Ideal do Eu. Esse nosso Eu se vê desde a tenra idade pressionado a dar conta do desejo de outros. Já nascemos com nome, carreira idealizada, vida projetada. E não é fácil, porque não há um ser no mundo que consiga alcançar esse Ideal plenamente. Crescemos e vamos saindo do primeiro grupo a que pertencemos para formar outros grupos, laços e ter outros projetos. A educação da família, a escola, as convenções sociais, tudo isso se junta a aspirações e visão de nós mesmos que vamos formando, aquilo que quer

TOMBO EMOCIONAL

Por que a palavra tombo? (no vocabulário psicanalítico chama-se significante). Talvez porque haja aí uma verdadeira queda das nossas certezas, crenças e daquilo que pensávamos até o momento desse evento, que pode ser um fim, um recomeço, morte de alguém querido, ser traído na confiança em alguém. Uma porta fechada quando já estávamos com a mão na maçaneta. Um corte repentino. O fato é que a gente leva muitos tombos em nossas certezas, amores, em situações nossas como pessoas. Provavelme esse tombo emocional que você acabou de tomar não foi o primeiro nem será o último. Bem vindo ao mundo! Tombo machuca. Rala. Traz escoriações. Deixa por uns instantes sem saber o que aconteceu. Uma pancada nos nossos sentidos que os confundem todos. É preciso esperar para que a gente perceba o que cada um nos diz naquele momento. O nosso tombo é algo do qual a sociedade ri e a gente se envergonha. E a gente ri do tombo do outro que se envergonha. Porque só sabe da dor do tombo quem cai. Tombo é

O TEMPO NO PROCESSO DEPRESSIVO

Estamos vivendo em tempos estranhos. Estamos imersos num sistema de aceleração de todas as coisas e processos que nos tem levado a todos a um estado de exaustão que não nos deixa. Vivemos uma esquizofrenia psíquica porque, além de acelerados e ansiosos, estamos também deprimidos. E é interessante como essa coisa chamada tempo se processa numa pessoa que está num estado onde a libido (energia de vida) parece abandonar o sujeito à própria sorte. O descompasso se inicia ao primeiro abrir dos olhos pela manhã. Na verdade, esse já está instalado porque a noite anterior não foi de descanso e o estado ansioso atrapalhou por demais o sono, durante o qual não se teve a experiência da profundidade. O tempo parece um grande navio embora a gente quisesse que ele fosse um jato. E aí o nossa mente e espírito começam a batalha de acelerar o impossível. Pelo menos para quem está de fora. Levantar da cama para ir ao banheiro já é uma tarefa olímpica. Engraçado que os minutos andam da mesma maneir

Do amor e da vida

Nossas bodas de um porvir não mais tão distante marcarão uma virada em nossas vidas Embora ainda cinco, nos tornaremos três. E sem deixar de amar três, teremos ainda por um tempo somente um. Choraremos. Semearemos. Um virará dois, e estes serão um. E nos alegraremos. Colheremos frutos do amor. Bodas de uma vida. Atribulada e imensamente feliz. Muitas lágrimas adubaram o solo do nosso percurso, mas não nos impediram de prosseguir. E nos fizeram florescer. Nossa árvore tem três frutos diversos entre si, igualmente carregados de amor e medo por não estar fazendo o que deve ser feito para que sejam livres. A separação desses frutos do nosso tronco será feita com dor e amor. Cada um seguirá seu destino. Os três. Mas a despedida de dois mais maduros já tem tempo marcado, ainda sem dia e hora para que suportemos. Talvez por isso o Eterno nos tenha dado o fruto ainda pequenino. Serão tempos maravilhosos também. Haverá amor. A paz, tenho certeza de que virá do Alto, pois serão tempos

FAROESTE CABOCLO 2017

Não tinha medo o tal Michel do anti esquerdismo Era o que todos diziam quando ele se vendeu Deixou pra trás todo o marasmo da decência Só pra sentir no seu sangue o ódio que o PT lhe deu Quando criança só pensava em ser bandido Ainda mais quando com um tiro seu caráter faleceu Virou o terror da cercania onde morava E na escola até o colega com ele aprendeu Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro Que as pessoas colocavam na caixinha do altar Sentia mesmo que era mesmo diferente Sentia que aquilo ali não era o seu lugar Ele queria sair para defraudar pessoas que ele via na televisão Roubou dinheiro para poder viajar De escolha própria, escolheu o partidão Dentre todas as menininhas da cidade Foi Marcela a escolhida pelo cabra comedor Ela teve banho de loja transformatório Onde aumentou seu dote diante de tanto valor Não entendia como a vida funcionava Teve aulas de beleza pra ter classe e humor Michel viu que Marcela era uma boa aposta E comprou a mina com o discurs