COMPLEXO DE ÉDIPO

O que é isso?
A gente ouve falar por aí dessa coisa de "menino gosta mais da mãe" e "menina gosta mais do pai". É isso e não é rs.

A gente nasce desejando ser alimentado e sentir o calor daquela pessoa que cuida de nós desde o início. É tudo praticamente instintivo, já que mal balbuciamos sons e somos totalmente dependentes de uma outra pessoa para sobreviver.

Lá pela metade do primeiro ano de vida, começamos a perceber que somos um corpo separado daquele que nos amamenta, normalmente a gente é posto na frente do espelho e ouve: "olha neném, que lindo, olha..." e muitas outras frases que, junto com as atitudes de quem nos cuida, nos fazem perceber que somos alguém diferenciado.

Isso vai amadurecendo até que lá pelo segundo, terceiro ano de vida, a gente começa novos processos de identificação com o pai, com a mãe, e isso é tão complexo e tão de cada um que vários fatores incidem nisso.
O menino começa a perceber que a mãe não é só sua, tem que dividir com o pai, o que já traz à tona a agressividade do pequeno sujeito para com seu rival, o par amoroso da mãe, que dorme com ela enquanto o pequeno está "confinado em seu quarto". Essa rivalidade infantil do menino diante do "pai" dura uns anos até que ele perceba que esse pai também não completa a mãe como ele imaginava, e o sentimento em relação aos dois tende a se estabilizar. Estamos falando do complexo de Édipo.

Mas...e na menina, ela passa por isso?
Passa, de uma forma diferente; ela também se identifica como bebê com a mãe, mas por volta dos 2, 3 anos começa a perceber que é a princesinha do papai, e joga com isso numa rivalidade com a mãe durante uns anos também. Se essa fixação do menino na mãe ou da menina no pai é super valorizada e se estende demais, poderemos ter problemas.

O complexo de Édipo tem esse nome porque Freud se utilizou do mito de Édipo e Jocasta para explicar o padrão de relacionamento das crianças com as figuras parentais na primeira infância. No mito grego, de autoria de Sófocles, Édipo mata o pai que não conhecia e se casa com sua mãe sem saber.

A partir da sua clínica e seus pacientes, ele percebeu que este era um processo que acontecia de forma geral: os meninos desejam ter a mãe só para si, e as meninas assim desejam o pai, e o oposto passa a ser um rival.
Nos casos em que se sai de uma forma saudável desse processo, a tendência é que a pessoa não tenha nenhuma tendência a um adoecimento de ordem neurótica, o que não  acontecia com seus pacientes.

Isso porque estamos falando de gente de carne e osso numa realidade que é cheia de surpresas e a vida não é um conto de fadas. As famílias são núcleos complicados e esse processo das identificações, imitação dos adultos, aprovação por parte do pai e da mãe, rejeição, tudo isso entra no pacote que vai formar o complexo de Édipo.

Ser o filho preferido, a filha rejeitada, o queridinho da vovó, a mais inteligente, esses e muitos outros processos passam pelas palavras que ouvimos desde tão cedo, significantes carregados de afetos que, muitas vezes, jogamos para o inconsciente e lá permanecem até que a gente se disponha a mexer nesse baú, se é que a gente vai se dispor a isso. O que vai sair de lá é uma incógnita de ordem individual, de origem familiar, a ser trabalhada por cada um.

Psicanálise pura e simples assim.
Crica Viegas

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