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Mostrando postagens de dezembro, 2017

"MAS EU CRIEI TODO MUNDO IGUAL..."

Sinto em te dar uma notícia: não criou não. Essa nossa justificativa defensiva só aparece na hora que o couro come. Na hora que dá ruim. Tipo aquela outra frase típica de pai e mãe: "olha o que SEU filho fez"... como se a humanidade gerasse bebês só por um sexo. Ninguém que tenha mais de um filho consegue criar todo mundo do mesmo jeito ou amar todo mundo igual, pelo simples fato de cada um é um. Cada filho tem características próprias, personalidade, trejeitos, intelecto... cada um tem um tempo de assimilar, de processar, de elaborar. E, desde recém-nascidos, ensinamos comandos a quem nos cuida; os adultos costumam pensar que só eles ensinam. Ledo engano. Mesmo para quem é filho único tem a frase "não te criei pra isso", "não foi isso que eu te ensinei", que também vale para irmãos. Podemos dizer que a educação tem o nível macro, dos valores e princípios gerais de cada família, de cada núcleo, aqueles que são as bases. E tem o nível micro, onde cada u

AUTO EXÍLIO EMOCIONAL

Apesar do nome parecer rebuscado, esse é nada mais do que o momento que nos recolhemos em busca de nós mesmos e daquilo que somos ou mascaramos. A palavra exílio na nossa língua portuguesa é conhecida pela conotação negativa, pois tem a ver com sair do próprio país por conta própria ou obrigado por questões políticas. Mas não deixa de Ter um pouco a ver com isso o auto exílio emocional: por questões de não conseguimos tantas vezes lidar com situações e pessoas que fazem brotar nosso lado vil e encrenqueiro, a gente pode escolher se retirar. E esse se retirar pode ser um comentário que não se faz na rede social na hora em que a discussão esquenta, pode ser sair de perto de uma conversa tomada por fofocas e intrigas, e pode ser um período em que a gente se retira fisicamente de relacionamentos, sejam familiares ou de amizade ou amorosos pelo simples fato de que temos esse direito. O mundo atual das redes sociais não admite que a gente suma sob pena de sermos  rapidamente esquecidos;

DECISÕES DE FIM DE ANO

Vivemos presos ao calendário. Desde dietas até coisas inesquecíveis são datadas, no sentido de estarem em algum lugar da folhinha ou da agenda do celular. Fim de ano é um período em que se fecham ciclos e faz a gente pensar no que fazer no seguinte. Fim de ano nos deixa ao mesmo tempo felizes e frustrados, pois realizamos muitas coisas e deixamos tantas outras para trás. Nunca conseguimos tudo que pretendíamos para aquele ano. Ainda bem que é assim. Realizar tudo seria morrer. Como o fim do ano costuma ser de saudade dos que foram, raiva das burradas que cometemos, e a tal da frustração que faz parte, essa é uma época muito perigosa para se tomar grandes decisões, ou até as pequenas mesmo. O ano de 2017 no Brasil não foi fácil pra maioria: desemprego ou ameaça de, instabilidade nas finanças, brigas reais por conta do clima político-caótico instalado. Tudo isso aliado aos problemas pessoais, transtornos emocionais e dificuldades de resolver questões torna o fim de ano totalmente c

A BANALIZAÇÃO DO BULLYING

"Vítima de abusos e bullying em sua escola na Califórnia, a adolescente Rosalie Ávila, de 13 anos, tirou a própria vida: "sou feia e perdedora", escreveu ela em um bilhete encontrado pelos pais depois da tragédia. Rosalie tentou se matar na terça-feira passada e, na sexta, teve sua morte cerebral declarada. Foi mantida conectada até ontem para que seus órgãos fossem doados, informou a imprensa local". Notícias como essa estão cada vez mais indo para um lugar que deveria ser impensável: o lugar comum. O suicídio juvenil, algo que se via com muito alarme em notícias não tão frequentes, até porque a imprensa em geral tinha um acordo tácito de não divulgação desse tipo, virou uma epidemia alardeada aos milhares nas redes sociais. Parece que, desde pequenos, na escola, nossas crianças não estão conseguindo elaborar o chamado "narcisismo das pequenas diferenças": aquilo que vejo no outro como num espelho e rejeito impiedosamente, rechaçando esse outro que, n

MINHA PAZ

não me venha com coordenadas latitudes e meridianos há muito fui condenada com olhares e atitudes de seres levianos não me venha com grafos protótipos e conselhos o que vejo não é fraco quando me projeto no espelho não me venha com receitas modos de ser e de fazer minha alma já está feita com o que ela quis escrever não me venha com modelos e prazos inconsistentes não sou afeita a fazê-los sob pena de trair meu inconsciente ele não tem tempo, passado ou presente apenas imensidão de apelos que me fazem da alma um acidentado continente deixe minha estrada em paz e siga a sua em frente Crica Viegas

RELACIONAMENTO E REDES SOCIAIS

A era da internet chegou, é um fato. Não tem como voltar ao que o mundo era antes disso. Mas o ser humano ainda é feito de afeto e não de chip, e temos que ter cuidado porque podemos estar lidando com nossos relacionamentos como se o outro fosse só um perfil do Facebook ou do Instagram. A rede social encurtou distâncias, lógico, e já reencontramos muita gente que fez a nossa vida melhor em nossos tempos passados e aquela alegria boa volta a cada conversa. Esses reencontros são fantásticos e cheios de emoção. Mas cada um continua sua vida na sua outra cidade ou país. Ponto. Agora, parece que estamos usando a mesma lógica em relacionamentos próximos, e até nos muito próximos. Casais fazendo DR via Whatsapp, pais que só conseguem falar com filho via internet, eles na sala e o filho no quarto. Casais sentados no sofá conversando via celular. O que está acontecendo com a gente?  Vamos tratar assuntos pessoais e delicados sem o cara a cara porque estamos com preguiça ou sem coragem de