VERDADES E MENTIRAS
Nascemos e somos criados ouvindo e vivendo uma história familiar particular. A partir dela, construímos muito do que somos e da nossa visão de mundo, seja pra reafirmar ou pra negar o que vivemos e os exemplos familiares que tivemos.
A gente muitas vezes não se dá conta das mentiras que estruturam nosso "romance familiar", eufemismos e panos quentes colocados sobre palavras e feridas e passamos a agir como se nunca tivessem existido ou sido ditas.
Temos o nosso próprio cemitério emocional, onde jazem restos mortos de nós mesmos, mas com um único inconveniente: esses restos mortos falam. Falam do que não queremos saber mas já sabemos de cor, gritam o que queremos silenciar e movimentam o que queremos anestesiar. Às vezes funciona e nosso cemitério mentiroso e silencioso está lá com a grama verde e lápides limpinhas sob um lindo sol. Mas tem hora que vem a tempestade, os túmulos internos se revolvem e somos tomados pela angústia e medo da escuridão.
A questão é: o que não queremos ver? Quais as mentiras que passamos a vida contando a nós mesmos, mas que no fundo sabemos que estão ficando insustentáveis? Por que tivemos a necessidade de mentir por tanto tempo? O que nos causa tanto horror que precisamos colocar um pano grosso no espelho pra não ver toda vez que passamos no nosso corredor interior? Que mentira é essa que está sustentando nossa estrutura?
Encarar as próprias verdades é realmente da ordem de um horror pra cada um de nós. Todos temos verdades das quais fugimos, desejos inconfessáveis e mentiras muito bem elaboradas, isso faz parte da nossa humanidade e, muitas vezes, até pra desmontar nossa própria ficção há que se ter cuidado com a maneira como fazemos, sob o perigo do edifício não suportar.
Ou não. Talvez precisemos de uma pancada forte no muro pra que tomemos coragem de nos ver a olho nu. Isso vai depender da estrutura de cada um.
Verdade e mentira transitam dentro de nós como parte do que somos e construímos. Mas tem horas em que precisamos tomar partido: ou vivemos a nossa verdade ou a nossa mentira. Ou nos revelamos na verdade do nosso discurso, ou velamos nossa mentira com lindas flores e velas. Mas continuaremos mortos.
Psicanálise pura e simples assim.
Crica Viegas
A gente muitas vezes não se dá conta das mentiras que estruturam nosso "romance familiar", eufemismos e panos quentes colocados sobre palavras e feridas e passamos a agir como se nunca tivessem existido ou sido ditas.
Temos o nosso próprio cemitério emocional, onde jazem restos mortos de nós mesmos, mas com um único inconveniente: esses restos mortos falam. Falam do que não queremos saber mas já sabemos de cor, gritam o que queremos silenciar e movimentam o que queremos anestesiar. Às vezes funciona e nosso cemitério mentiroso e silencioso está lá com a grama verde e lápides limpinhas sob um lindo sol. Mas tem hora que vem a tempestade, os túmulos internos se revolvem e somos tomados pela angústia e medo da escuridão.
A questão é: o que não queremos ver? Quais as mentiras que passamos a vida contando a nós mesmos, mas que no fundo sabemos que estão ficando insustentáveis? Por que tivemos a necessidade de mentir por tanto tempo? O que nos causa tanto horror que precisamos colocar um pano grosso no espelho pra não ver toda vez que passamos no nosso corredor interior? Que mentira é essa que está sustentando nossa estrutura?
Encarar as próprias verdades é realmente da ordem de um horror pra cada um de nós. Todos temos verdades das quais fugimos, desejos inconfessáveis e mentiras muito bem elaboradas, isso faz parte da nossa humanidade e, muitas vezes, até pra desmontar nossa própria ficção há que se ter cuidado com a maneira como fazemos, sob o perigo do edifício não suportar.
Ou não. Talvez precisemos de uma pancada forte no muro pra que tomemos coragem de nos ver a olho nu. Isso vai depender da estrutura de cada um.
Verdade e mentira transitam dentro de nós como parte do que somos e construímos. Mas tem horas em que precisamos tomar partido: ou vivemos a nossa verdade ou a nossa mentira. Ou nos revelamos na verdade do nosso discurso, ou velamos nossa mentira com lindas flores e velas. Mas continuaremos mortos.
Psicanálise pura e simples assim.
Crica Viegas
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