O início, o fim e o meio

A frase de Raul Seixas traduz bem o momento. Fim de férias, início de ano e no meio um monte de atividades que já nos perseguem igual a um sonho recorrente.
Muitas atividades. Muitos livros pra ler. Tenho pelo menos 10 na lista dos atrasados. Mais uns 358 na fila dos "a ser adquiridos".
Acabou a folga. Se bem que eu não tive folga. Então nem acabou. Apenas o calendário virou, mas os mesmos livros, contas, problemas de família e a gastrite de 30 anos continuam comigo no ano novo.
Mas tá bom (ou não). 2015 foi um ano brabo, cansativo, onde pude exercitar a esperança, a fé e o amor. Tudo o que eu coloquei no post anterior a esse. Um ano de provas e crescimento que seguirão seu curso esse ano.
Na lista de coisas da vida estou tentando terminar meu site. E, como toda mulher que tem marido das informáticas, é um inferno. Faz tudo pra qualquer um. Mas não sou qualquer uma e por isso fico sem mesmo.
No consultório aos poucos a vida vai tomando vulto e pacientes vão chegando. Indecisos vão capengando. Mas é assim mesmo. A pessoa precisa de muita coragem pra enfrentar seus demônios e deitar num divã. Não se pode ser apressado e querer que a pessoa se adapte. Mesmo porque adaptação e análise não combinam, pois ela serve para nos desacomodar mesmo. Pra nos tirar do nosso prumo neurótico.  E isso leva tempo. Faço análise pessoal há um bom tempo de quase uma década e sei cada vez mais que "há tempos são os jovens que adoecem, o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos", palavras sábias do Renato Russo. As pessoas estão querendo congelar seu "susselfie" de Facebook, querendo transparecer uma felicidade plena que não existe. E vamos adoecendo achando tudo isso muito normal.
O normal nesse mundo é ser ansioso, depressivo e tomar fluoxetina e/ou citalopram e/ou sei lá o que nos acelere de manhã e desacelere à noite porque nosso corpo natural não consegue mais fazer sozinho suas funções básicas de acordar e dormir. Em qualquer conversa não tem que não tome um rivotrilzinho pra aliviar a pressão da vida. Bem vindos à nossa normalidade viciada! Fico pensando que o uso medicinal da maconha seria muito mais light. Mas aí estaríamos já todos viciados também, porque a nossa compulsão pelo sucesso total (baseado no amor ao dinheiro que perseguimos ferozmente) precisa de entorpecente pra gente aguentar o tranco.
É isso. Fim de um ano e início de outro. E o que tá no meio é a vida. O dia a dia. O amar o outro. Amar a si. Dar conta das trezentas mil atividades que nos escravizam e nos tiram o tempo, o aliado que virou inimigo e algoz. Porque se o dia fosse mais longo com certeza a gente estaria mais afundado em atividades e sem aproveitar o ócio criativo que é tão fundamental quanto o ar. Mas negamos o ócio e fazemos dele negócio.
Então, deixemos de coisa e cuidemos da vida, pois, se nos chega a morte ou coisa parecida (um AVC, infarto, sedentarismo emocional e reticências porque a lista é imensa) e nos arrasta moços sem ter visto a vida?
Bora trabalhar pra ter um caixão fashion!




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