A ILUSÃO DO NINHO CHEIO

A gente que é mãe de mais de um carrega umas ilusões.
Como a gente passa praticamente duas décadas com a "casa cheia e barulhenta", isso vira um padrão pra gente. E a gente acha que será assim indefinidamente, e não aprende a viver no silêncio.
A gente também acha que os filhos serão sempre próximos uns dos outros, os melhores amigos. Pode ser e pode não ser. Esquecemos que também existe ciúme, diferença enorme de temperamentos, do outro ser o preferido, e isso ao longo da vida pode não deixar nascer entre eles a amizade inabalável que a gente romantiza.
A gente  acha que sempre nos pedirão orientação, conselhos sobre o que fazer na e da vida, e a verdade é que a vontade de autonomia na maioria das vezes fala mais alto, e podemos nos sentir esquecidos quando na verdade é a vida seguindo o seu curso. Mas isso não quer dizer que a gente não sofra, porque comeca um período de adaptação que a gente não solicitou, o de como começar a viver sem eles.
A gente tem  a ilusão de que não haverá esse corte. Mas é inexorável. O corte vem. Pode ser feito de maneira mais leve, e isso depende de tentos fatores, como a própria relação, a personalidade. Uns conseguem fazer o corte sem que a gente sinta tanto, mas para outros pode ter que ser algo violento sob o risco do filho não conseguir sair. Tem o outro lado: muitas vezes, filhos são egoístas, vingativos, pois têm seus traumas que muitas vezes desconhecemos e alguns podem querer fazer esse corte de forna violenta por alguma vingança pessoal. Isso é um fato. Amor e raiva fazem parte das relações entre pais e filhos, inclusive esse se torna o modelo de amor e ódio que vivenciamos no mundo.
Mas o ninho ficará vazio. E solitário. Silencioso. A gente vai sofrer e se debater até aprender que é isso mesmo, mas que também é uma oportunidade de nos olhar pela primeira vez como pessoas independentemente da nossa função paterna, que a gente trata como missão e depois não sabe viver sem ela.
O período do corte é cheio de dor. Sangrento. Escuro. Mas é da vida e ela não faz acepção de pessoas. Todos passamos por isso.
Mas o sonho de ver a turma reunida não é pecado. Ainda bem.

Psicanálise pura e simples assim.
Crica Viegas

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